terça-feira, 27 de novembro de 2012

Tétano

Já não posso mais com chá... e ele que era meu amigo inseparável. Agora me irrita as mucosas e coisas passíveis de irritação.
Também não tolero mais os telejornais, escorrendo desgraças e sorrindo passatempos de cunho opiáceo... resolvendo as crônicas e as agudas.
Gostava também daqueles cabelos lisos, boca carnuda e olhos delicadamente puxados... não que deixaram de me chamar a atenção, mas agora não me servem.
Movia montanhas por um refrigerante de laranja, mas o cheiro me enjoa nos dias de agora.
Mês passado percorreria milhas por um beijo e nem sequer me imagino no esforço.
Semana passada gastaria reais e irreais, em lugares que sequer sinto pena, por um beijo...e já nem recordo das fotos que me arrancaram.
Ontem andaria quadras para verificar o peso e remediar o resultado... hoje me afogo em um bolo recheado e coberto com deliciosas calorias de chocolate.
Nem me arrependo. Nem me lamento. Nem me seguro. Nem me imagino. Nem me sei.
Se amanhã pisar em uma ripa com um prego... e depois notar que ficou a sujeira, tomar anestesia para limpar e mesmo assim me restar o tétano, nem me vou morrer depois de amanhã. Sei bem que foi a doença da neurotoxina da bactéria do ferimento do furo do prego da ripa que eu não vi. Mas nem morrerei.
É tanta coisa, tão importante, que me palpita o coração, que me suspira o suspiro, que me deixa a boca vermelha, que me brilha os olhos... mas nem morrerei. Disto não.
E depois de depois de amanhã vou escrever mais coisas do passado que já não são mais... mas eram tanto... Nossa!!!... como eram.
E eu que escrevia para ninguém ler, persisto.

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