quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

...


    Segue o teu destino,
    Rega as tuas plantas,
    Ama as tuas rosas.
    O resto é a sombra
    De árvores alheias.

    A realidade
    Sempre é mais ou menos
    Do que nós queremos.
    Só nós somos sempre
    Iguais a nós-próprios.

    Suave é viver só.
    Grande e nobre é sempre
    Viver simplesmente.
    Deixa a dor nas aras
    Como ex-voto aos deuses.

    Vê de longe a vida.
    Nunca a interrogues.
    Ela nada pode
    Dizer-te. A resposta
    Está além dos deuses.

    Mas serenamente
    Imita o Olimpo
    No teu coração.
    Os deuses são deuses
    Porque não se pensam.


    Ricardo Reis, 1-7-1916

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Tchubirubi

Meu coração para esse moço que veio depois de mim... mas que se for antes me levará o caminho.
Nunca atravesse meu caminho, digo, nunca ultrapasse-me no caminho, deixe que eu pise no tétano antes e depois passe seguro você.
Vamos fazer juntos sim, mas eu vou primeiro... então depois você me desenha maior que todo mundo.
É com i mais é com e, e de é meu e i de inteiro. Ermão.

Tétano

Já não posso mais com chá... e ele que era meu amigo inseparável. Agora me irrita as mucosas e coisas passíveis de irritação.
Também não tolero mais os telejornais, escorrendo desgraças e sorrindo passatempos de cunho opiáceo... resolvendo as crônicas e as agudas.
Gostava também daqueles cabelos lisos, boca carnuda e olhos delicadamente puxados... não que deixaram de me chamar a atenção, mas agora não me servem.
Movia montanhas por um refrigerante de laranja, mas o cheiro me enjoa nos dias de agora.
Mês passado percorreria milhas por um beijo e nem sequer me imagino no esforço.
Semana passada gastaria reais e irreais, em lugares que sequer sinto pena, por um beijo...e já nem recordo das fotos que me arrancaram.
Ontem andaria quadras para verificar o peso e remediar o resultado... hoje me afogo em um bolo recheado e coberto com deliciosas calorias de chocolate.
Nem me arrependo. Nem me lamento. Nem me seguro. Nem me imagino. Nem me sei.
Se amanhã pisar em uma ripa com um prego... e depois notar que ficou a sujeira, tomar anestesia para limpar e mesmo assim me restar o tétano, nem me vou morrer depois de amanhã. Sei bem que foi a doença da neurotoxina da bactéria do ferimento do furo do prego da ripa que eu não vi. Mas nem morrerei.
É tanta coisa, tão importante, que me palpita o coração, que me suspira o suspiro, que me deixa a boca vermelha, que me brilha os olhos... mas nem morrerei. Disto não.
E depois de depois de amanhã vou escrever mais coisas do passado que já não são mais... mas eram tanto... Nossa!!!... como eram.
E eu que escrevia para ninguém ler, persisto.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Nem o benefício da dúvida
Nem as rosas colombianas
Nem os casamentos perfeitos
Nem o brilho nos olhos 
Nem o prazer do teu hálito
Nem o sorriso sem jeito
Convence/m
A mentira Nem a verdade
Convence

terça-feira, 10 de julho de 2012

Já disse e repito: essa tal de espera pelo almejado quase sempre é melhor do que tê-lo!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Só escreve-se bem com a alma perturbada,
não de todo mal e, sem saber, de todo o bem.
E a sua maior qualidade é estar comigo, pois de nada servem as outras... tantas que nem conto aos números, exponencialmente numeradas graças a maior de todas... estar comigo.
Mas é uma grande mentira, tantos e outros e o púbico saberá que não é a maior de todas, pois valem mais sem esta. Valem para todos e não só para mim.
E eu sou contada aos números, uma só e os outros sequer são contados, pois são todos... o que já é o suficiente para derrubar a maior de todas.
Pois que venham os próximos, a minha vez já tive! E tive antes e lapidei para a sequência... assim como o fez comigo.
Sortudos, não sabem o que perdem... e se soubessem, miseráveis! Eu sei.

Rosas

Se me permite,
                       a última,
                                    pois era a que faltava.
E se te oferecesse todas as outras anteriores de uma só vez, não haveria de ter tanta graça quanto cada solitária, uma por vez, vez por uma escolhida minunciosamente, em um ritual de carinho e satisfação... procurando a mais perfeita, a tal da merecedora.

Se faltava,
                a última,
                            pois é a que me permite.